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quarta-feira, 22 de junho de 2011

MARTINHO LUTERO – Alemanha –1546

Por volta de 1501, dois estudantes de Direito caminhavam apressados por um campo na zona rural da Alemanha, a fim de se esconderem da forte tempestade que se formava. De repente, tiveram a visão repentina de uma luz branca intensa acompanhada de um som ensurdecedor.
Quando um dos rapazes acordou, percebeu o que havia acontecido. Um raio caíra sobre eles. Impressionado por ter sobrevivido, olhou para seu amigo para ver como este estava. Ele não teve a mesma sorte – havia morrido.
Arrasado, Martinho Lutero largou o curso de Direito. Sem dar explicações a ninguém, juntou-se à ordem de Santo Agostinho, esperando ali encontrar a resposta do porquê de ter permanecido vivo quando deveria ter morrido com seu amigo.
Como bom estudante, não demorou para que Lutero lesse as obras de Agostinho e de outras personalidades cujos escritos se encontravam na livraria do convento agostiniano.
Um dia, enquanto procurava mais um livro para ler, pegou uma Bíblia em latim que nunca havia visto antes. Nas semanas seguintes, ele estudou aquela Bíblia sem parar e ficou impressionado de ver como a igreja de seus dias estava longe das verdades que passava a descobrir.
Lutero sentiu-se chamado para o ministério e tornou-se padre. Seu grande conhecimento da Bíblia e sobre os pais da igreja logo fizeram com que fosse convidado a dar aulas na recém-fundada Universidade de Wittenberg. Isso se deu por volta de 1508.
Apesar de ter sido convidado para ensinar, Lutero estava mais interessado em aprender. Passava muito tempo conversando com outros monges agostinianos mais experientes. E, apesar dos vários assuntos discutidos, o tópico principal sempre era o perdão dos pecados. A igreja da época ensinava que somente por intermédio de um padre alguém poderia alcançar o perdão, bem como por meio de obras de caridade e pagamento de indulgências.
No entanto, Martinho Lutero teve acesso aos escritos de São Bernardo que dizia: "Este é o testemunho que o Espírito Santo dá ao nosso coração, dizendo que nossos pecados estão perdoados. Pois esta é a opinião dos apóstolos, de que o homem é gratuitamente justificado pela fé".
"Somos justificados pela fé". Esse era o pensamento que dominava a mente de Lutero, que aprofundou ainda mais sua convicção ao estudar as cartas de Paulo. Ao mesmo tempo, ele via que as atitudes da igreja divergiam da fé em Jesus Cristo e que os clérigos somente queriam obter poder e riquezas.
Lutero comprovou pessoalmente esse desvio da igreja quando foi a Roma representando a universidade para debater alguns assuntos diante da liderança eclesiástica.
Voltou enojado com tudo o que viu: venda de perdão, superstições dominando o povo, padres corruptos, idolatria e desvios doutrinários de todo o tipo. Depois de retornar à Alemanha, Martinho Lutero formou-se Doutor em Divindades e começou a ensinar diretamente a partir da Bíblia em vez de se basear em outros textos, usando principalmente o livro de Romanos e os Salmos.
Seu ensino era bem diferente do de outros professores, pois apontava para Jesus como o único capaz de perdoar pecados, e dizia que todos deveriam aceitar o dom gratuito que custou a Cristo um preço tão alto.
Quanto mais ele ensinava essas verdades, mais ansiava pela Palavra de Deus, a ponto de aprender grego e hebraico para poder estudar as Escrituras nas línguas originais.
Em 1513, a igreja em Roma precisava de bastante dinheiro para terminar sua mais nova catedral. Para isso, começou a vender indulgências por toda a Europa. Nesse comércio, a pessoa recebia um documento oficial da igreja absolvendo-a de todos os pecados. Entretanto eles eram vendidos como bilhetes de loteria. Chegou a ponto de as pessoas comprarem indulgências para perdão de pecados que ainda iriam cometer! Lutero ficou indignado com essa direta contradição à Palavra de Deus.
Então, no dia 31 de outubro de 1517, sem qualquer alarde, ele afixou um documento na porta da capela adjacente ao castelo de Wittemberg. Eram noventa e cinco declarações de fé que ele havia extraído diretamente da Bíblia, condenando a hipocrisia da liderança eclesiástica e suas falsas doutrinas.
Em vez de darem razão a Lutero e submeterem-se à autoridade das Escrituras, os líderes da igreja viram as noventa e cinco teses como uma ameaça que lhes prejudicava a autoridade e o estilo de vida. Prepararam várias armadilhas para prender e matar Lutero, mas de alguma maneira ele sempre conseguia chegar, pregar a Palavra e sair ileso.
Numa dessas ocasiões, ele foi chamado a Worms, na França, para debater seus ensinos. Muitos o alertaram dizendo que era uma armadilha, mas ele respondeu: "Como me convidaram, decidi ir em nome do Senhor Jesus Cristo, mesmo sabendo que o número de demônios que terei de enfrentar é igual à quantidade de telhas que cobrem as casas de Worms".
Quando lá chegou, Lutero descobriu que, em vez de um debate, estava num tribunal sendo julgado e condenado por heresia. Todos os seus escritos foram questionados. Então ele recebeu o seguinte ultimato:
Chegou o momento de obedecer à ordem do santo imperador romano. Você vai confirmar as idéias que escreveu em seus livros, ou vai rejeitar as partes que contradizem os ensinos da igreja?
Lutero respondeu sem erguer a voz, mas com muita convicção:
Sua Excelência, o imperador e todos os senhores juízes aqui presentes me pediram uma resposta direta, então falarei com toda sinceridade, sem tentar enganá-los. Se eu já não tivesse sido convencido de que o que li nas Escrituras é a verdade – pois não há líder eclesiástico, concilio, rei, ou imperador, todos os quais são homens falhos, que pudessem me convencer do contrário –, alegremente renunciaria meus escritos. Todavia minha consciência está presa e cativa pelas Escrituras. Não posso negar nada do que disse antes, principalmente porque não é bom nem proveitoso ir contra minha consciência. Essa é minha posição. Não há como ser de outra maneira. Não tenho mais nada a dizer. Que Deus tenha misericórdia de mim.
O príncipe e os juízes presentes não se agradaram da resposta e disseram.
O imperador exige que sua resposta seja "sim" ou "não". Você diz que seus escritos são verdadeiramente cristãos?
Os senhores não conseguiram provar que estou errado, portanto, estou preso pelas Escrituras.
Lutero foi dispensado e, nas horas que se seguiram, foi excomungado e considerado herege. Quando foram buscá-lo para prendê-lo, não conseguiram achá-lo em lugar nenhum. Lutero retornou à Alemanha e ficou escondido lá por alguns meses. Aproveitou o tempo recluso para traduzir a Bíblia para o alemão. Mais tarde, retornou a Wittemberg, onde publicou mais livros e trabalhos combatendo as falsas idéias que a igreja ensinava e distribuiu sua tradução da Bíblia para que as pessoas pudessem ler as Escrituras por si próprias. Seus escritos se espalharam por toda Europa.
Em 1527, Lutero sofreu um ataque cardíaco que quase o matou. Nos anos que se seguiram, ele viu sua saúde deteriorar. Por isso fazia cada vez menos aparições em público para falar. Contudo, já havia marcado sua geração levantando publicamente a questão central: "A fé cristã deve ser governada pela Palavra de Deus ou por homens falhos"? Apesar de essa questão ainda ser tão polêmica em nossos dias, se não fosse pelas firmes convicções de pessoas como Martinho Lutero, não teríamos o direito de consultar nossa consciência e a Palavra de Deus para decidir como praticar a fé.
Em 1546, com sessenta e três anos, Martinho Lutero morreu em paz. Suas últimas palavras foram as seguintes: "Entrego meu espírito em Tuas mãos, pois Tu me redimiste, ó Deus da Verdade, 'porque Deus tanto amou o mundo, que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna' ".



O que dizer de Lutero? Ele foi um Jesus Freak como poucos. Tinha tanta certeza do que cria que fez de tudo para disponibilizar a Bíblia na língua do povo. Assim, todos poderiam, por si próprios, descobrir a mesma fé verdadeira que ele havia encontrado nas Escrituras.

Lutero sabia que a Bíblia acende o fogo divino no coração das pessoas. Jesus Freaks são pessoas da Palavra e de palavra.

Texto extraído do livro: Loucos por Jesus - Volume 1. Lúcio Barreto Jr.

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