David Brainerd nasceu em Connecticut, Estados Unidos, em 1718. Aos quatorze anos de idade já era órfão de pai e mãe. Apesar de seu pai ter sido pastor, ele cresceu, como costumava dizer, "sem Deus no mundo". Brainerd era melancólico, retraído, pouco interessado em assuntos religiosos e tinha uma obsessão pela morte desde os oito anos de idade. Quando voltava das diversões com seus amigos, sentia sua consciência dizendo-lhe que largasse tudo aquilo e se voltasse para Deus.
Aos vinte anos de idade começou realmente a estudar, algo que fez com tanta dedicação que muitas vezes se adoentava. Em 1739, cansado de uma vida fútil e sem sentido, separou um dia para jejuar e orar, clamando a Deus por misericórdia. A princípio, nada aconteceu. Então, "certa manhã, estando eu a andar sozinho em lugar solitário, como costumava fazer, percebi que todas as minhas artimanhas e projetos para efetuar ou procurar libertação e salvação pelas minhas obras eram inteiramente vãos e então me vi completamente perdido. Dei-me conta de que todos os argumentos e desculpas que pudesse criar, se para tanto me fosse concedida a eternidade, seriam vãos".
Esse estado de tristeza e amargura de alma durou mais algumas semanas, até que, em 12 de julho de 1739, Brainerd recebeu uma nova visão de Cristo e tornou-se nova criatura. Imediatamente ele se matriculou na Universidade de New Haven e concluiu seus estudos para o ministério. Contudo, sua saúde, sempre abalada, impedia que fizesse tudo o que queria, o que só o levou a intensificar ainda mais sua já fervorosa vida de oração. Durante sua constante busca a Deus, sentiu-se direcionado a começar um trabalho missionário entre os índios peles-vermelhas do nordeste americano, pelos quais passou a interceder incansavelmente.
Seu primeiro contato com os índios foi impressionante. Era tarde e o sol já se punha quando Brainerd, extremamente cansado da exaustiva viagem, avistou a fumaça das fogueiras dos índios peles-vermelhas. Depois de apear e amarrar seu cavalo, deitou-se no chão da floresta para descansar e passar a noite em oração. Sem que soubesse, os índios o haviam seguido durante toda a tarde e agora estavam atrás dos troncos das árvores olhando Brainerd, de joelhos no chão, clamando a Deus. Os peles-vermelhas decidiram matá-lo e se aproximaram do missionário que orava sem perceber nada. Quando perceberam que o "cara-pálida" estava pedindo ao "Grande Espírito" que salvasse e abençoasse os índios, eles se foram silenciosamente como chegaram.
No dia seguinte, ainda sem saber de nada que havia se passado, Brainerd foi recebido com grande carinho no acampamento. Os índios o cercaram, e ele leu o capítulo 53 de Isaías. Enquanto pregava seu primeiro sermão entre eles, Deus respondeu à sua oração da noite anterior, e os índios ouviram a mensagem com lágrimas nos olhos.
Brainerd tinha o costume de registrar para si mesmo os fatos mais importantes do dia num diário, por meio do qual conhecemos muito de suas lutas, sonhos, doenças, fraquezas, desânimo e, principalmente, sua ardente comunhão com Deus. Um exemplo disso é o que ele registrou em seu diário poucos dias depois de ter sido bem recebido pelos índios: "Continuo a sentir-me angustiado. A tarde preguei ao povo, mas fiquei mais desanimado acerca do trabalho do que antes,– receio que seja impossível alcançar estas almas. Retirei-me e derramei minha alma pedindo misericórdia, mas sem sentir alívio".
Algumas semanas depois, ele escreveu: "Completo vinte e cinco anos de idade hoje. Dói-me a alma ao pensar que vivi tão pouco para a glória de Deus. Passei o dia na floresta sozinho, derramando minha oração perante o Senhor".
Outra vez, ele narrou seu grande confronto com os índios: "Por volta das nove da manhã, saí para orar na mata. Depois do meio-dia, percebi que os índios estavam se preparando para uma grande festa... Reconheci que festejavam para adorar demônios, e não a Deus. Continuei assim clamando toda a tarde e toda a noite".
Já pela manhã, Brainerd voltou para confrontar os índios, certo de que Deus estava com ele. Ao insistir para que abandonassem aqueles rituais de festa, em vez de matá-lo, eles desistiram da orgia e ouviram sua pregação de manhã e à tarde.
Depois de sofrer como poucos, depois de orar e jejuar sem parar e depois de pregar a Palavra com toda coragem, os índios deram ouvidos a Brainerd, e milhares se converteram a Cristo. Seu diário registra que a multidão de peles-vermelhas ficava tão comovida durante sua pregação que davam grandes gritos pedindo a misericórdia de Deus e depois não conseguiam nem caminhar de tão quebrantados que estavam.
É difícil compreender o tamanho da obra de David Brainerd entre as diversas tribos indígenas que ele visitou. Como não sabia o idioma, vivia procurando intérpretes que o ajudassem. Certa vez teve de pregar por meio de um intérprete tão bêbado que quase não podia ficar em pé, contudo, dezenas de índios se entregaram a Cristo. Por fim, depois de cinco anos de viagens árduas suportando frio, chuva, sol, neve, fome e muitas noites sem dormir, ele contraiu tuberculose e decidiu voltar para a casa de sua noiva Jerusa, filha de Jonathan Edwards.
Brainerd já estava com sua saúde muito abalada. Apesar de saber que já não viveria muito mais, decidiu que "arderia até o fim". Ele morreu em 1747, na casa dos Edwards, aos vinte e nove anos de idade, mas fez mais para Deus em poucos anos do que a maioria dos homens faz em setenta anos de vida. Depois disso, sua noiva Jerusa ficou tão triste que acabou também falecendo quatro meses depois, aos dezoito anos de idade.
As últimas palavras de Brainerd foram: "Fui feito para a eternidade. Como anelo estar com Deus e prostrar-me perante Ele! Ah, que o Redentor possa ver o fruto do trabalho de Sua alma e ficar satisfeito! Vem Senhor Jesus! Vem depressa! Amém"!
Sua biografia, escrita por Jonathan Edwards e revisada por John Wesley, influenciou milhares de pessoas nos últimos séculos. William Carey leu sua história e consagrou a vida ao serviço de Cristo como missionário na índia. Robert McCheyne leu seu diário e dedicou a vida a evangelizar os judeus. Henry Martyn leu sua biografia e dedicou-se à obra missionária na Pérsia. Israel Brainerd, irmão de David, recebeu uma carta de despedida na qual seu irmão declara: "Digo, agora, morrendo, que não viveria de outra forma, nem por tudo que há no mundo".
Jesus Freaks têm uma vida de oração. A biografia de grandes homens e mulheres de Deus sempre os mostra vencendo seus desafios "de joelhos". Muitos hoje querem ser como Brainerd, Bunyan, Lutero, Agostinho e Paulo, mas se recusam a orar com a mesma intensidade e dedicação que esses homens.
Há hoje um conceito diabólico que afirma que quem tem muito tempo para orar é um indivíduo "à toa", como se a oração não fosse um dos mais difíceis e importantes trabalhos no reino de Deus.
Brainerd se comparou a uma vela e disse que "arderia até o fim." Assim, ele ganhou aqueles índios antes mesmo de evangelizá-los, ganhou-os ardendo em oração. Ardeu tanto que sua vela se apagou. Hoje, o trabalho de arder é nosso, orando até o fim.
Texto extraído do Livro: Loucos por Jesus - Volume 1. Lúcio Barreto Jr.
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Um comentário:
Pr. João Parabéns pela iniciativa de postar um pouco da história de grandes servos de Deus.
Que Cristo te abençoe.
http://ciencia-religiao.blogspot.com/
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